sexta-feira, 22 de maio de 2015

Menos creme e mais Poesia

Quanto mais velha fico, mais preciso de poesia. Pensei que a idade ia aumentar em minha vida a necessidade de cremes e tratamentos de beleza. Mas, curiosamente, o que tenho tido cada vez mais precisão é de POESIA. As rugas incomodam menos que a aridez da alma! E mais (aqui deixou uma dica super-bonita), uma pele esticada e lisa é totalmente apagada na presença de olhos brilhantes. A poesia tem esse efeito em mim, de aquecer meu coração e acender meu olhar. É uma espécie de confirmação que sou mesmo idiota, mas que vale muito a pena nessa vida ser um determinado tipo de idiota. Em 2010, já não sei ao certo o mês, tive a sorte imensa de encontrar a poeta Adélia Prado a "bater perna" em um shopping no centro da cidade de Belo Horizonte. Aproximei-me dela e com cara de cão feioso de barbicha branca e olhos cor de mel, perguntei: "Adélia Prado?" (não queria eu acreditar na minha sorte!). Ela fez que sim com a cabeça sorrindo e eu disse: "Você é linda!"(cabelos de prata...ela é cor de rosa!). Ela me abraçou daquele jeito que tia abraça a gente quando tem saudade, meio bruto mas bom e disse: "Não minha filha, você que é linda!". Eu consternada, com os olhos cheios de água emendei: "Sua escrita me salva...". E ela, também com os olhos com água, respondeu: "É a poesia, minha filha, a poesia que salva...". Disse isso olhando muito dentro dos meus olhos e saiu..Fiquei ali, como que tocada por um anjo, grata pela benção do que vivi. (Fiquei pensando que ela deve ter me achado uma daquelas mulheres sempre choronas a reclamar das mazelas da vida e dos infortúnios, precisava da poesia dela para me salvar! Queria poder consertar...Mesmo a poesia triste alegra, a medida que nos devolve algo que a vida parece nos levar..). Pois meu "creme de juventude-beleza" é a poesia, em suas muitas fórmulas: pode ser em palavras (como nos livros da linda Adélia), pode ser em estampas de tecido (especialmente se viraram saias rodadas ou toalhas de mesa), céu cor-de-rosa no entardecer, pode ser em pão feito em casa, pode ser abraço apertado de filho e amigo, pode ser olhar cansado e feliz de marido no fim do dia. Deve ser por isso que a Adélia é tão linda, poesia da vida....

segunda-feira, 11 de maio de 2015

Dia das mães

O autor português Walter Hugo Mãe, meu queridinho da vez, escolheu o sobrenome "Mãe" como nome literário, pois entende não haver força maior que a força contida nesta palavra. Ele diz que "as mães são os únicos seres dotados da aventura da existência". Temos muitas oportunidades na vida de ajudar um outro a existir, mas nenhuma se compara a maternidade. Digo isso do espanto de viver meu segundo dia das mães. Nunca na vida me vi metida em uma aventura tão complexa e assustadora quanto a maternidade. Nunca havia me sentido tão imperfeita e incompetente. Nunca tinha vivido tanta felicidade! Os pequenos nos colocam diante do que somos com uma intensidade única. E não posso fugir do confronto, do enfrentamento, dos olhares que me invadem ávidos por entender a pessoa que sou e entender através de mim o mundo! 

Minha filha tem medo dos meus cílios postiços (que eu nunca usei!) e diz isso rindo de maneira marota. 

Meu pequeno sente dores na barriga e diz que é tipo um vazio, uma porta aberta.Interpretei como solidão, mas chegamos a conclusão que era fome. Depois que ele comeu uma banana disse-me que continuava o buraco entre a barriga e o coração, era mesmo um tipo de tristeza. E ele só tem sete anos! Disse que tem vontade de me abraçar, e que quando eu o abraço o buraco diminui. 

O mais velho deixou de comer carne por uns dias, porque viu na estrada um caminhão cheio de vacas tristes e apertadas. 

Meus filhos são criaturas fantásticas, que por vezes eu tenho vontade de estrangular, mas que às seis horas da manhã já estão a me obrigar a ser inteira e transparente. Agora tenho medo de morrer em acidentes aéreos, coisa que antes não tinha, até gostava imenso ver filmes com tragédias com aviões. Perdeu-se a graça. 




Diana, até parece que é uma fera!