Hoje acordei com uma bruta saudade da minha avó. Minha avó, a mais chatas das chatas desse mundo e que me deixou coxa depois que se foi. Ela não existir mais exige uma reconfiguração do mundo, é bem estranho. Saber que ela estava lá, me dava sossego pois eu tinha certeza que ela me amava, fosse eu a beócia que fosse. E ela me achava linda. E sempre me lembrava para pentear o cabelo. E me admirava. E tinha orgulho de mim. Mesmo que eu estivesse fora do peso, mesmo que eu fosse comum, mesmo que eu não fosse fantástica. E ela ainda tinha a mágica do afeto de "acender o Espírito Santo". Toda vez que eu estava em apuros pedia a ela que rezasse para mim, por conta de uma prova, entrevista ou conversa difícil. E ela dizia: Filha, Deus te abençoe e o Espírito Santo que te ilumine. O Espírito Santo que te ilumine. Ele continua a me iluminar, é verdade, mas era mais perfeito quando era minha avó que o acendia...Saudade de ver suas mãos e seu apuro estético com as unhas...