sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Para Rozane Suzart: lembrança alada....

Lembrança alada

Em algum dia fui ave

Guardo memória
de paisagens espraiadas
e de escarpas em voo rasante

E sinto em meus pés
o consolo de um pouso soberano
na mais alta copa da floresta

Liga-me á terra
uma nuvem e seu delseixo de brancura

Vivo a golpes
com o coração de asa
e tombo como um relâmpago
faminto de terra.

Guardo a pluma
que resta dentro do peito
como um homem guarda seu nome
no travesseiro do tempo.

Em alguma ave fui vida.

Mia Couto
Maputo, 2004.

2 comentários:

Virgínia Heine disse...

Linda, linda poesia!

Rozane disse...

ahhh! amiga! esqueci de comentar!!! AMEI!!!! obrigada! ;)