sábado, 19 de novembro de 2011

Diálogo impertinente I

Resolvemos comprar canivetes para os sobrinhos, os que já têm algum bom senso para não sair espetando por aí. Há de todo tipo e preço, com cabos high tech ou estilo antigamente. Eu ainda em dúvida se era mesmo o presente ideal. Paramos em uma loja de candomblé, que vendia velas, fitinhas e canivetes. O vendedor tinha a aparência daqueles personagens de flime de zumbis, aquele que é procurado pela mocinha e a ensina tudo sobre vodu. Pois ele tirou da vitrine um canivete e apontando uma argola de aço na ferramenta disse:"Aqui, se precisar fazer alguém falar, dá para arrancar um dedo." Disse isso com uma expressão daquelas que não sabemos se fala seriamente ou se brinca. E eu respondi: "Não temos a intenção de arrancar o dedo de ninguém." E ele: "Nunca se sabe". Isso tudo olhos nos olhos, bem próximos, desafiantes. Enquanto meu marido continuava a explorar a navalhinha. E eu; "Acontece que com a gente, tem mais gente querendo nos fazer falar do que queremos saber da vida dos outros. Quem ia perder o dedo....". Ele sorriu com gosto, e não levamos o canivete.

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