Pois os dias seguem. Difícil manter a alegria. Ainda bem que existem as crianças e suas demandas de felicidade e logística diária para me ocupar e me lembrar que sou responsável pelos pequeninos. Nada como uma lista de Natal sendo produzida em julho para tirar a gente da aspereza da lacuna deixada pela partida do meu pai. No trabalho, no supermercado, nas escolas...lido com adultos que não estão nem aí pelo meu bem estar. Meu pai se preocupava todos os dias com a minha saúde e minha felicidade. Deve ser muito duro uma criança sem pai, sem mãe, imaginem, sem alguém que sofra na carne os sofreres deles/nossos. Os adultos que me cercam e não me amam esperam que eu crie oportunidades de trabalho e de ganhar dinheiro para eles, que eu arrisque meu pescoço com a coragem que herdei dos meus pais para dizer as verdades a quem precisar ouvir, que eu seja dócil e obediente diante da mediocridade e da maldade que produzem. Dão nomes ao ser que sou e que me agiganta, julgam-me raivosa quando sou intensa e frontal. Não presto para eles, presto para lhe servir apenas. Foram educados por baratas gordurentas ou pais cegos de amor (aposto na barata..)! Não aprenderam a coragem, muito menos a bondade. Mas fingem ser bons, ajudam-se umas as outras as baratas gordurentas, com elogios patéticos e convites viciados. E eu vou perdendo aqueles que me amam e que por mim tem compaixão. Eu achava que envelhecer tinha a ver com rugas e preconceito que as pessoas dirigem a quem tem mais de quarenta anos. É bem pior. Envelhecer é perder quem tem por nós compaixão e nos dá abraços como se tivéssemos 5 anos.
A Didi me ama.
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