sábado, 1 de dezembro de 2018
Atestado de Alegria
sexta-feira, 23 de novembro de 2018
Caminhos....
Diagnóstico em fevereiro. Em novembro, radioterapia. Muita coisa pelo meio! Estou reinaugurando os rituais da vida. Afinal, não morri e vi o filme Animais Fantásticos 2! Afinal, não morri e comi o primeiro panetone da temporada! Afinal, a vida é boa demais!
terça-feira, 3 de abril de 2018
A gente cessa, vamos fazer poesia moçada!
"Pensar que a gente cessa é íngreme. Minha alegria ficou sem
voz. " Manoel de Barros
Acho que a morte alugou um quarto na minha casa, dorme encolhida numa bicama, tem dois anos. São doenças a mais, médicos a mais, veias difíceis a mais, despedidas a mais. Hoje tive quimio. Por isso são 4 da manhã e eu estou ligada na tomada (da quimio). A medicina diz que a adrenalina que solto no processo (é medo mesmo, gente) depois me deixa assim. Alguém menos esclarecido ainda me chama de louca. A produção tá ótima (confere aí, 3 posts no Patel!). Reescrevi um livrinho! Mas amanhã o corpo fica uma miséria. E tenho que acordar daqui um pouco, despachar a moçadinha para a escola.
Tô careca, mas não sofri tipo aquela atriz que cortou os cabelos na novela aos prantos. A Alice ajudou o pai a fazer o serviço.
Não quero perder a alegria na minha voz!
Sobre avós
I
Minha avó Lina não dizia a palavra "Câncer", dizia em tom quase inaudível "doença ruim". Tipo o Valdemort, saca?
II
Descobri o que se passa com meus filhos desde que meu pai se foi...Foi o Manoel de Barros que esclareceu, destamparam a solidão:
Quando meu Vô morreu caiu em silêncio Concreto sobre nós.
Era uma barra de silêncio! Eu perguntei então ao meu pai:
Pai, quando o Vô morreu a solidão ficou destampada?
Solidão destampada? Como um pedaço de
mosca no chão.
Não é uma solidão destampada?
III
Minha mãe, avó dos meus filhos também fala baixo uma palavra nas conversas, mas não renomeia. Ela diz: "sexo", bem bem baixinho, de maneira que fica enorme a nossa atenção!
quarta-feira, 28 de março de 2018
Doença grave e ser estrangeiro.
Ter uma doença grave, que pode ter levar a morte é uma espécie de viagem a um país estrangeiro. Seu corpo não é mais seu conhecido, você não confia nele. O dia inteiro você passa a aprender as novidades da rotina do doença. É estar sempre no imprevisível: os cabelos caem?, o enjoos virão?, vai doer achar essa veia?, meu intestino vai funcionar? O dia inteiro a tentar entender um mapa de mim mesma, mas todo bagunçado por novos atalhos e caminhos. E quando chega a noite e todos podem descansar, cada um no seu corpo são, eu vou me deitar, mas levo o estrangeiro comigo e estou presa dentro dele. Cansaço....
quarta-feira, 10 de janeiro de 2018
Onofre..
Foram dezeseis anos de amor, do mais puro amor. Já não tô dando conta de tantas despedidas. O dia em que encontrei este peludo e sua irmã e os levei para casa no colo, aquilo foi felicidade. Ele me olhou nos olhos com uma integridade única. Cada um que vai, leva partes de mim...Meu pai no céu deve estar satisfeitão, dando longas caminhadas com o Nonô, como tinha sido impedido de fazer aqui antes de partir.
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