segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Amor, sol abstrato


Hora de retomar o blog. Quem esperava fogos de artifício e champagne, peço desculpas e prometo uma hora qualquer fazer um post com estas características, em outra ocasião. Para meu retorno, prefiro outra imagem.


Chego, abro o portão. Vejo que o mato cresceu nos canteiros e sinto um pouco de remorso pelo abandono. Abro a casa, forte vem o cheiro familiar que é uma combinação das essências de tudo que compõem minha vida. Uma a uma, vou abrindo as janelas. A luz sai envolvendo os móveis e os cantos das paredes de uma maneira desavergonhada. Parece que tudo foi subitamente desperto sem cerimônia. É preciso arejar a casa, as idéias, minha alma. As cortinas serprenteiam seus barrados, tão donas de si, dançam a música do vento, fazem gracejos para ninguém. Vou até a cozinha, coloco água no fogo para passar um café. Na janela minhas ervinhas reagiram ao abandono com alegria, crescendo desgovernadamente sem meus ataques estéticos de poda. O hortelã está tão verde que reveste-me de esperança. Abro a porta que dá para o quintal. Avisto a mangueira...Enquanto espero a água ferver, preparo o pó e sento-me a namorar com os olhos o quintal da minha casa...Tudo tão alegrinho. Ali não existe aquecimento global (se é que existe em algum lugar), está tudo em harmonia e a vida segue seu curso sem dramas. Morreu, morreu. Viveu,viveu. Nasceu, nasceu. Uma borboleta amarela visita meu pé de couve. Acho que namoram! No meu quintal também não há preconceito para o amor. Tem até uma formiga apaixonada por uma pedra! Lembrei-me de um trecho do livro de cartas de Caio Fernando Abreu:

“O bicho homem não faz outra coisa a não ser pensar no amor. Até as relações de produção, a luta de classes, a ecologia, o jogo pelo poder: tudo, questão de amor. Formas de amor. Amor é a palavra que inventamos para dar nome ao Sol abstrato em torno do qual giram nossos pequeninos egos ofuscados, entontecidos, ritmados. A vida toda”.

Sol abstrato...Duas coisas que defendo com a vida se precisar, a liberdade e o amor! Mas isso quem frequenta este blog já sabe....O amor que me faz abrir esta casa imaginária, como quem se prepara para receber quem ama...Que me faz partir, acreditando ir ao encontro. E que me faz regressar...De volta....

Imagem: Sintra, 2009

sábado, 29 de agosto de 2009

O milagre de Santa Luzia

Adivinha se a Ana Paula do Acordeon vai querer ver?

Estréia em setembro.....

Minha vida é andar por este país....


Um pouco de Gonzaga pra deixar o sábado mais alegrinho...

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Liberdade para desejar e ser

Vídeo retirado

Faço parte de uma lista de discussão frequentada apenas por professores e ontem recebi uma mensagem vinda deste grupo que me deixou com vontade de me mudar para Plutão. Uma professora da lista contava o caso ocorrido em Salvador em que uma jovem educadora infantil foi demitida depois que um vídeo dela dançando de forma escandalosa foi exibido na internet. A autora da mensagem na lista pedia decoro, afinal professores precisam ser impecáveis. Fui ao youtube e vi o referido vídeo "erótico" (veja comentário do pudico jornalista da Band). Na imagem o vocalista da banda puxa a calcinha da moça (sem esforço, pois a saia era um bandaid) e a deixa com o bumbum á mostra, enquanto ela serpenteia o curvilíneo corpo tal e qual o fazem quase 100% das celebridades que aparecem e são festejadas na televisão. Coloquei-me no lugar da diretora da escola, refleti sobre o fato dela ser professora dos pequenos, pensei no significado de vida privada. Depois coloquei-me no lugar dos pais das crianças para quem ela lecionava. Depois ainda no lugar das crianças.A reportagem di que a saída dela da escola foi um acordo. É de fato uma situação difícil e complexa. Mas o que me deixou estarrecida, foram os comentários que têm aparecido sobre o caso em todo o canto. A maioria escalpela a professora e a partir de um discurso moralista a lembra do quanto é santo ser professora. Mas os argumentos dos que a defendem são igualmente assustadores. Houve uma moça que disse que devia ser inveja da mulher do diretor da escola. Veja, essa moça nem chegou a cogitar a possibilidade de ser uma diretora, reforçando a idéia de que o cargo maior do estabelecimento seja ocupado por um macho, macho voraz que precisa ser de alguma forma controlado por uma esposa ciumenta, invejosa e "bagulhenta" (afinal é o que acontece com todas nós mulheres depois que laçamos o nosso "macho"). Mas o que me deixa mesmo desanimada é a impossibilidade de aceitarem a professora com todas as dimensões de um ser humano, inclusive a sexual. Professoras são santas, assexuadas e devem ser cafonas e usar "terninhos" com lenços no pescoço, como a professora que aparece nas propagandas do MEC. Aqui no blog eu já me questionei algumas vezes sobre a minha incompetência em gerir um único espaço virtual, onde todas as Ana Paulas que sou se encontrariam. Mas acho que um episódio como esse ajuda a entender meu temor de reunir-me inteira e mostrar-me como sou a um mundo de gentes que preferem ver pessoas desmembradas em seres estereotipados e por isso frágeis. Professores não podem desejar, só se for uma viagem para Paris. Só valem desejos intelecualiados, os carnais, tipo dar um beijão escandaloso no George Clooney, nada feito! Eu não sei se fosse a diretora da escola se teria dispensado a professora. E se ela fosse uma excelente professora? Mas isso não importa pra ninguém.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Leão, meu leãozinho

Para quem é sabe.

PS: Este ainda não é o post de retorno. A vida anda boa...

sábado, 15 de agosto de 2009

Saber de mim...

Fui sabendo de mim por aquilo que perdia.
Mia Couto
Raiz de Orvalho e Outros Poemas