domingo, 31 de outubro de 2010

O tempo e a colcha de chita que ficou pequena para a cama

A falta de tempo é o argumento mais comum para justificar ausências, prazos que precisam ser dilatados e até comprovação de "como sou ocupado"! Tenho pensado bastante nisso ultimamente, pois a demanda de trabalho, tarefas e compromissos tem sido gigantesca em minha vida, e olha que sempre foi bastante, mas agora esta descomunal! Para muitas pessoas, é isso mesmo a vida, e eu preciso me acostumar com esta realidade. Mas não sei se quero isso pra mim, este recorrente atropelo, em que os prejudicados são sempre os que eu amo e as atividades que me fazem feliz (como postar aqui, por exemplo!)! Falta-me tempo ou eu adminstro mal meu tempo? Falta-me tempo ou eu estou assumindo a forma de existir contemporânea, em que a pressa e o produto final são sempre mais importantes que os processos? Por hora, sigo tentando não me afogar, dando bradaçadas desajeitadas entre os compromissos, esquecendo um aqui e outro lá. Mas definitivamente não quero isso pra mim. É preciso cultivar a demora, a espera, os pontos de bordado, um seguido ao outro. Como é bom quando a gente espera (mesmo que a espera seja um suplício!) e pronto, chega o dia de ver a coisa pronta ou a se concretizar! Que emoção: sua história tem um capítulo finalizado, é hora de virar uma página. E digo isso assumindo que tenho problemas com ansiedade de ver a coisa pronta e acabada, por isso faço tanta bobagem na costura (quando tento costurar). Pulo etapas, não levo a sério os moldes, faço pontos grandes demais, a famosa linha de preguiçosa...A colcha de chita da imagem, foi feita por mim com a ajuda da minha mãe (mais ela do que eu), mas é um exemplo disso que estou falando. Juntar quadrados, alinhavar, tarefa menor, mas importantíssima, antes da costura vir. É o processo que conta, mais que o produto (que afinal precisará de mais fileiras de retalhos, pois a colcha ficou curta para a cama...). É isso, tempo de repensar o tempo e valorizar as tarefas que aparentemente consomem nosso tempo....Tipo vencer conteúdos, sacou?

sábado, 30 de outubro de 2010

Palavra da vez: liberdade


O que um professor poderia desejar de "maior" para seus alunos que serem livres? Sempre penso nisso quando estou a planejar minhas aulas, a escolher conteúdos e criar estratégias. Todas as escolhas relacionam-se a necessidade de ampliar o repertório da moçada para que possam eles mesmos escolher como querem ou não pôr em prática seu ofício de mestre. Ninguém pode escolher algo que nem sabe que existe, certo? Quanto menos coisas uma pessoa conhece (e isso é em qualquer área da vida) mais pobre será sua decisão, certo? Mas este post é para tentar entender por que jovens tendem a escolher modelos rotos de existir em suas vidas, mesmo quando têm a oportunidade de vivenciar ousadias? Por que esta inclinação a mesmice, ao tédio, ao que é previsível? Há um poema da Clarice Lispector que diz que "a liberdade ofende". E ofenderia porquê e a quem? A liberdade ofende a todos que não têm a coragem de serem protagonistas da sua própria história, ofenderia aqueles a quem a coragem não é uma virtude. Sobre coragem já falei aqui algumas centenas de vezes, pois é uma das qualidades que mais prezo. Mas parece que é papel de quem aceita a tarefa de formar um sujeito com potencialidade a felicidade ensinar a coragem. E como se ensina a coragem? Como devemos encorajar nossos alunos para que percorram altivos e destemidos percursos novos para educação? Como desconstruir anos e anos de confortável controle e limitação na sala de aula para algo mais criativo e fluido? No momento, preciso aprender a respeitar as escolhas dos meus alunos, e só. Mas estas questões ficarão a me perturbar com toda certeza. Missão: descobrir estratégias que a longo prazo ensinem a coragem. Alguém sabe como fazer isso? Também é assunto para educação de filhos! Se você é pai, sua atuação é mais centrada no encorajamento ou no medo? 
Cena do filme que amoooooooooooooooo Um sonho de liberdade.