quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Hipocrisia

Nove horas da manhã. O café da manhã foi ao sabor da leitura de emails (ternurentos) e ver na televisão os jornais matutinos. Fico apavorada com a abordagem que as equipes de reportagem dão a certas notícias. Duas me deixaram especialmente triste.
Uma mostrou uma família feita refém por bandidos no Rio, em uma favela, durante a ocupação de um morro pela polícia. Os bandidos entregaram-se. A mãe da família, saiu de casa aos prantos e depois de dizer ao repórter que temeu por sua família, perguntou se seria presa. Vou ser presa? Ela era a vítima! E então os repórteres disseram, vejam como ela ficou confusa com o acontecido. Idiotas. Incapazes de perceber que a pergunta da senhora revela como o mundo está de cabeça para baixo! Mesmo sentindo-se vitimada, ela aventou a possibilidade de ela ser punida. Sim porque o que impera é o absurdo, aquilo que desafia o que poderia nos parecer o coerente.
A outra notícia mostra uma mãe em um vídeo caseiro incentivando sua filha a bater em uma colega na saída da escola. Todos querem mostrar sua indgnação. Pois bem, quando eu tinha uns 3 anos de idade, os filhos da vizinha (com aproximadamente 10 anos) subiam no muro e cobriam a mim e minha irmã de cusparadas, enquanto as duas boabalhonas brincavam na gangorrinha vermelha. Minha mãe pediu que a vizinha impedisse a cena. E ela nada o fez. Então minha doce e civilizada mãe ensinou-nos, meninas, defendam-se. O desfecho foi terrível, pois peguei uma pedra enorme e quebrei a cuca de uma das crianças, que nunca mais cuspiram na gente. O que me espanta na notícia da televisão, é que as pesoas todas dizem que a conversa é o melhor caminho. Quem quiser pode me enxovalhar, mas os tempos estão tão tortos, e há tão pouco espaço para corteses argumentações, que chego a desejar que a bárbarie fosse declarada, ou melhor, assumida! Afinal, todos os impasses são resolvidos por forças físicas ou de naturezas políticas que nada tem a ver com justas arguementações. Pois ando perdendo a vontade de defender-me pela palavra, pois parece-me muito mais eficiente os socos e pontapés. Não digo que a mãe das cenas de selvageria na porta da escola esteja correta, mas fico a imaginar se a escola não poderia ter impedido o acontecido, que provavelmente iniciou-se nas salas de aula...
Imagem da Ana Paula de palhaça, aqui não para fazer graça. Quantas vezes vou usar essa imagem?

Um comentário:

ana fish disse...

tá me chamando pro tapa????