Voltemos á minha época do rádio, quando minhas palavras precisavam ajudar ao interlocutor a construir a cena, a paisagem. As imagens oferecidas tiram um pouco a graça da brincadeira, pois o outro não precisa adivinhar, imaginar, você já mostra como é. Por isso o rádio é tão mágico, há a co-construção. Por isso os livros são fantásticos...Deixam uma brecha criativa para o outro que ouve, que lê. Não que eu não aprecie filmes e televisão, eu adoro, mas trata-se de uma viagem por demais sabida, passiva..Ontem não produzi imagens, não fotografei. Estou "a trabalhar" em minha tese. Fui também á universidade. A aula era sobre avaliação, mas os alunos esbarraram na idéia de motivação. Os alunos precisam estar motivados e se não estão, a responsabilidade é do professor. Motivar, dar um motivo, despertar o interesse para...acompanhar um programa de televisão? A certa altura, alguém disse, sim, seria bom se a motivação fosse instrinseca, se os alunos reconhecessem neles que é bom aprender. Tá aí a cerne da minha tese.
Li ontem também que o Saramago está no Brasil divulgando o livro novo dele, o do elefante e que ele é contra a homogeneização do português, "somos iguais, mas somos diferentes". E aí um poliítico, no mesmo artigo diz, "ah...há liberdade que só se aplica aos escritores, aos demais que seja uma língua única. Isso nos fará mais fortes". Eu adoro ouvir s portugueses de Portugal, a prosódia, as sílabas que se encurtam, as sílabas que se apressam, as frases-expressões que são metáforas visuais, uma hora farei um post só sobre isso. Identidade... necessidade de sermos fortes perante "outros". Ontem, conversando com uma amiga, falamos sobre "falar mal dos outros" e mais do que "de quem você fala mal," fiquei a pensar "com quem você fala mal" de outrem. Duas pessoas que compartilhem identidades juntam-se para tecer cometários ruins sobre outras pessoas. Isso parece coisa de zebra e cervo, que andam em bando para diminuir a chance de serem presas, a vizinha o será se tudo ajudar! Ser igual é o passe para integrar o bando, estar no bando é ser mais forte. Bom, talvez o que o Saramago deseje seja por demais sofisticados para a humanidade...ainda somos "um bocadinho" zebras"...
Um comentário:
tenho que pensar se sou ou não uma zebra!!
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