Para a análise do discurso a emoção não é apenas uma das faces de uma moeda na qual a razão também apareceria, mas a emoção é fundante da racionalidade, são amalgamadas. Em Portugal, a análise do discurso é vista como novidade e muitas vezes interpretada de uma maneira que a faz parecer mais uma sessão de análise*. Aqui o nome de Péuchex (fundador de uma das linhas discursivas) é desconhecido** como também o é Amit Goswami***, independente da aceitação da comunidade científica. Para quem não sabe, a análise do discurso não é fazer uma análise de um discurso, de um texto. Ela vai além do que é dito, fazendo emergir os sentidos pré-construídos que são ecos da memória do dizer. Por memória do dizer entende-se a memória coletiva de constituição social. Isso porque embora o sujeito tenha a ilusão de ser autor do seu discurso e de ter sobre ele controle e autonomia, encontra-se de fato engendrado em um contínuo, visto que todo discurso já foi dito antes por outrem. Logo,você sempre fala com as palavras dos outros. E é aí que a porquinha torce o rabo, pois cada um de nós não é único no sentido de que encontra-se assujeitado ao coletivo. Através da análise reconhecemos as vozes desses muitos autores que compõe a fala de cada um de nós, e os grupos aos quais pertencem. Quando definimos o que é ciência (ou o que não é ciência) fazemos uso dessas vozes. Essas vozes parecem esclarecer tudo, deixar tudo definitivamente no lugar “certo”, trazer paz para o caos. O que me deixa triste, e digo isso do ponto de vista de quem sempre sonhou alto para nossa espécie, é o fato da ciência usar “o que sempre fez” como forma de legitimar “o que anda fazendo”. A evidência que a ciência funciona é a existência da própria ciência, mesmo que inúmeras vozes (aquelas que nos contariam outras versões dos fatos) sejam excluídas do discurso. Eu não saberia dizer como mudar, por exemplo, o fato da emoção não aparecer na fala dos cientistas. Eles não podem convocar essa voz sob o risco de perderem a credibilidade. Também não aparece na fala do professor. Só professor de cursinho pode ser “engraçadinho”. Na verdade estes elementos são imposições do contrato discursivo, que ninguém discute, mas todos obedecemos, para garantir a comunicabilidade. Gostaria que minha tese ajudasse a rever as cláusulas desses contratos. De qualquer forma, sinto mesmo é vontade de silenciar. Mas para a análise do discurso o “silêncio” também comunica algo, e eu só queria mesmo livrar-me disso.
*Como por vezes acontece também no Brasil
**Seus principais títulos não existem na biblioteca de Lisboa
***Gerador de controvérsias do post anterior




Aí está minha "casa", a praia de Massaguaçu, em Caraguatatuba. Sim, os nomes são esquisitos, são indígenas. Fica no litoral do estado de São Paulo, indo em dreção ao estado do Rio de Janeiro. É o litoral norte. A praia é extensa, e na verdade as fotos mostram também a praia da Cocanha, onde o mar é mais "amigão", dá pra nadar, tem uma prainha com sombra. Já o mar da praia de Massaguaçu é "valente", um perigo. Há uma região de cultivo de mexilhões, moluscos. Chamamos de "fazenda de mexilhões" (o nome técnico é mitilicultura, mas isso é coisa de biólogo!). Quando a maré está muito baixa vemos nas pedras invertebrados maravilhosos, uma verdadeira aventura. As montanhas vistas sempre á direita e ao fundo nas fotos são na realidade uma ilha, a Ilha Bela, uma cidade para qual se vai de balsa. Convencionou-se que lá é chique, alguns dizem ser mais bonita. Mas nada bate, na minha opinião claro, Massaguaçu. A mata, o mar, o céu! Presumo que este paraíso será muito diferente daqui uns trisnta anos. Porque o "homem predador" vem avançando com sua oferta de condomínios ensolarados....Hoje a cidade é uma cidade pobre, fora da temporada circula pouquíssimo dinheiro, habitada por aposentados, muitos homessexuais em busca de uma vida nova, pescadores e ET´s. Eu sou da última categoria. Meus pais também, como se vê a minha mãe na prainha da Cocanha de boné vermelho em uma das fotos. Uma figura! Eu gosto da cidade e espero um futuro melhor para ela, que talvez seja escolhida por mim como minha casa. Estão convidaos, meus novos amigos portugueses, para visitarem-me em minha casa (ainda uma idealização) que terá uma cozinha no lugar da sala de visitas para comermos pão de queijo, doce de leite ("que vontade da peste!") e biscoitos de polvilho, ao som do meu acordeon! Ê vida boa! 
