sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Ensopado de enguias

Enfim, as enguias. Na semana passada "erramos" o restuarante, e estávamos sóbrios, nem venham com gracinhas. Mas dessa vez mudamos o local, sugestão da Telma e do marido (amigos da Mónica e do Zé). Fomos a Casa das Enguias, com uma cebeça de um boi na parede e azulejos retratando touradas. Havia uma aquário com as enguias em exposição. Matar as engias não é tarefa fácil. Entendam que nem vê-las no aquário fui, preferi comer sem pensar no bicho para não ser tomada por uma truculência residual (ou seria integral?) que existe em mim. Mas a Mónica contou-me que sua mãe tentou fazer em casa os bichinhos e os peixinhos continuaram vivos depois de congelados-descongelados, a andarem pela cozinha! O que importa mesmo, é que as enguias, fritas ou ensopadas, como comemos, são uma delícia. Encerro este post com um poema da Clarice Lispector...Truculência.

Nossa Truculência
Quando penso na alegria voraz com que comemos galinha ao molho pardo, dou-me conta de nossa truculência.Eu, que seria incapaz de matar uma galinha, tanto gosto delas vivas mexendo o pescoço feio e procurando minhocas. Deveríamos não comê-las e ao seu sangue?Nunca.Nós somos canibais, é preciso não esquecer.E respeitar a violência que temos. E, quem sabe, não comêssemos a galinha ao molho pardo, comeríamos gente com seu sangue. Minha falta de coragem de matar uma galinha e no entanto comê-la morta me confunde, espanta-me, mas aceito. A nossa vida é truculenta: nasce-se com sanguee com sangue corta-se a uniãoque é o cordão umbilical. E quantos morrem com sangue. É preciso acreditar no sangue como parte de nossa vida. A truculência.É amor também.


3 comentários:

Nós amamos cachorros! disse...

IXE GRANDE FILOSOFIA...................

ana fish disse...

deve ser ruim mesmo escolher quem vai morrer pra ser comidooo, morbido

Língua Afiada disse...

credo aua ...