domingo, 8 de fevereiro de 2009
É possível ser belo apesar das manchas de senilidade?
Hoje li no blog do meu amigo Paulo Lessa um texto sobre um pintor chinês que retrata sua própria filha nua ao lado de feras(http://www.anonadas.blogspot.com/). O pior (na minha opinião, claro) foi a declaração da mãe da moça, que disse sentir uma "inveja boa" da filha, que pode aproveitar a beleza enquanto é jovem. Ela (a mãe) não pode mais, afinal é velha, e se é velha é feia. Casado a esse assunto, essa semana aborreci-me muitíssimo com um texto do Rubem Alves, escritor brasileiro de quem muito gosto. Em resumo resumidíssimo, ele acredita que ficar velho é péssimo, e que só se é atraente na juventude, a verdadeira "melhor idade". Lógico que escrevi pra ele, lógico que não irá me responder. Disse-lhe que pessoas como o George Clooney sempre gozarão da melhor idade (e por favor, não falo só da carcaça impecável do moço, mas do conjunto de idéias que articula!). O que me aborrece de fato é o embate proposto nesse tipo de discussão entre idade e beleza. Acredito sinceramente que os educadores poderiam colaborar na construção de uma nova relação com marcas cronológicas de qualquer natureza. Afinal, para que serve contar os dias (tente responder esta questão imaginando não haver prazos para o Imposto de Renda, cronogramas...)? Não se trata contudo de deixarmos de associar a idade ao que poderia ser eventulamente ruim, mas de aprendermos a apreciar as muitas formas da maturidade! É possível ser belo apesar das manchas de senilidade? Há um poema do Mário Quintana em que ele descreve as mãos do seu velho pai, e diz "As tuas mãos tem grossas veias como cordas azuis sobre um fundo de manchas já cor de terra- como são belas as tuas mãos -pelo quanto lidaram, acariciaram ou fremiramna nobre cólera dos justos...". está aí, a beleza que emerge enquanto vida! Mas "as pessoas na sala de jantar, tão preocupadas" em serem jovens e belas, e serem ricas, e seguirem á risca os scripts sociais" não enxergam... Os que me conhecem "de perto" devem estar dizendo que meu histórico e a proximidade "dos meus anos" podem estar turvando minha visão. Ok. Talvez. Só sei que cheguei em um ponto que quero estar perto daqueles que com "havainas nos pés, short e camiseta" mostram com o olhar toda beleza que encerram. E você, que tipo de pessoas quer por perto...?
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